NEGACIONISMO, CRIACIONISMO E OUTROS DISPARATES E
IRRACIONALIDADES DO MESMO NAIPE
Hildo Honório do Couto
Universidade
de Brasília
1. Introdução
Não é um texto a ser publicado em uma revista acadêmica.
É mera incursão que fiz no domínio dos negacionismos e quejandos. Foi uma
experiência interessante. Como mostram algumas pesquisas já antigas, o
negacionista tem um QI de médio para baixo. Ele não é muito dato à reflexão a
fim de verificar se suas crenças têm fundamento ou não. Ele acredita e pronto.
2. Negacionismo
O termo negationnisme
foi cunhado pelo historiador francês Henry Rousso, no livro Le Syndrome de Vichy (1987). Silva (2021, p. 28)
afirma que no Dictionnaire Larousse
Online, está dito que negacionismo é uma “doctrine niant la réalité du
génocide des juifs par les nazis, notamment l’existence des chambres à gaz”
(doutrina que nega a realidade do genocídio dos judeus pelos nazistas,
sobretudo a existência das câmaras de gás)”. No Dicionário Priberam Online lê-se que o termo designa “Que ou quem
nega ou não reconhece como verdadeiro um facto ou um conceito que pode ser
verificado empiricamente”. Em inglês se fala também em denialism, de deny
(negar) que deu denial (negativa). Vale dizer, o negacionista nega
achados científicos, resultados de longas pesquisas que usam metodologias
publicamente replicáveis bem como fatos históricos amplamente comprovados. O
que vale para ele é o que ele acha que é a verdade, com base em suas crenças,
sua ideologia, não o que está comprovado publicamente, pela história e pela
ciência.
Pode-se falar em “negacionismo radical” e
“negacionismo moderado”. O criacionismo e o terraplanismo poderiam ser
incluídos na categoria do negacionismo moderado, pois até certo ponto são
anódinos, inofensivos. Mas, o negacionismo do ex-presidente americano Donald
Trump e do brasileiro Jair Bolsonaro contra evidências científicas bem como o do
ex-presidente do Irã Mahmud Ahmadinejad contra fatos históricos amplamente
documentados e conhecidos pertencem ao pior tipo de negacionismo, o
negacionismo radical, que é cego e enviesado por ideologias idiossincráticas. Ahmadinejad
afirmou que não houve o holocausto provocado pelo regime de Hitler, mesmo diante
do testemunho pessoal de pessoas que ainda estão vivas e de inúmeras provas
históricas. De acordo com o filósofo Leonardo Boff, “o presidente brasileiro, súcubo de Trump,
é o campeão absoluto entre os negacionistas” (BOFF, 2021).
Existem inúmeros tipos de negacionismo. Para
mencionar apenas uns poucos temos o negacionismo climático, do holocausto, da
ciência, da evolução, do coronavírus, do genocídio armênio, da chegada dos
humanos à lua etc. Idiossincrasias negacionistas abundam. Afinal, a
criatividade e a estupidez humanas não têm limites. A ciência vem lutando para
produzir vacinas para imunizar a população, mas os negacionistas defendem o uso
de cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina. O atual ocupante da presidência
do Brasil é um verdadeiro garoto-propaganda da cloroquina. Frequentemente
aparece em atos públicos exibindo o produto. Diante de críticas, chegou a
debochar, dizendo: “quem é de direita toma cloroquina; quem é de esquerda toma
tubaína”.
No
presente
momento (abril de 2021), a pandemia está completando um ano (no Brasil ela
começou em março de 2020). As autoridades da saúde, a OMS, os pesquisadores de
antídotos ao coronavírus, enfim todo mundo que segue os achados e os
procedimentos científicos defendem distanciamento social, uso de máscara,
lavagem constante das mãos, desinfecção com álcool em gel e outros recursos
profiláticos. Infelizmente, porém, há um grupo de pessoas que nega tudo isso.
Para elas não é necessário evitar contatos sociais. Pelo contrário, deve-se
inclusive manter o comércio funcionando a todo vapor. Esse grupo é capitaneado
por Jair Bolsonaro. Um dos negacionistas do seu pequeno grupo de apoiadores, Daniel
Silveira, disse que a máscara é “focinheira ideológica”. Também ele é contra o
isolamento social e a vacinação. Esse prepotente elemento é deputado federal. Ele
foi preso por defender intervenção militar e fechamento do STF, além de
divulgar notícias falsas. Essas notícias são veiculadas pelas mídias sociais que
são um formidável veículo para a divulgação de ideias negacionistas. Como disse
Umberto Eco, por meio delas qualquer imbecil consegue divulgar o que pensa
tanto quanto um prêmio Nobel.
Há interpretações psicanalíticas das atitudes dos negacionistas. Falando
de Donald Trump e Jair Bolsonaro – de novo eles! – o psicanalista italiano
Massimo Recalcati disse que “o vandalismo político
irresponsável desses dois trágicos líderes tem uma matriz fantasmática que
poderíamos definir grosso modo puberal-adolescente: A morte e a doença não existem e se
existissem não me diriam respeito; a onipotência da minha imagem é
imune a qualquer risco; se algum outro for atingido, faz parte do jogo mas este
fato não determinará o fim do jogo do qual continuo senhor”. Com efeito, “a
atitude negacionista pertence clinicamente ao tempo da adolescência
patológica, onde a reivindicação absoluta da própria liberdade aparece desvinculada
de qualquer referência ética àquela da responsabilidade” (RECALCATI, 2020).
José Szwako também apresenta uma interpretação
freudiana do negacionismo. Em sua opinião, “não só o negacionista se acha ‘razoável’,
como também lhe é mentalmente impossível não ter ‘a razão’. Por isso, “mesmo
quando se vale das fontes tradicionais da imprensa brasileira, o negacionista é
seu ‘crítico’ (“não acredito em nada”) e lê até onde lhe apraz, isto é, até que
a defesa idealizada do mercado siga satisfeita com seu ideal de família”. Para
o negacionista, “o eu da negação, contudo, não [é] para si negacionista, pois ‘quem
não sabe’ é a tia e o tiozão; a ‘desinformação’ é projetada nos seus pais e
avós”. Em termos claramente psicanalíticos, o autor diz que “a utopia oral do
negacionismo é duplamente escatológica. Seu desejo de fim do mundo é um desejo
cadavérico, repleto de moribundos, putrefação e lixo”. Especificamente sobre Bolsonaro,
Szwako diz: “A base e o presidente parecem, na verdade, disputar quem é mais ‘realista’,
quem é mais capaz de ignorar os desmentidos diários de suas opiniões”. Tanto
que “o seu eu faz mais que editar a realidade (o que poderia ser dito de
qualquer paixão ou neurótico saudável): de modo perverso, escolheu ‘se informar’,
e falsifica a própria falsificação sem desconhecer a sua dupla falsidade –
sabe, portanto, que a fake news é fake” (SZWAKO, 2020).
O negacionismo é parente próximo do conspiracionismo.
Frequentemente seus seguidores negam determinada situação ou evento porque
acham que se trata de uma conspiração de alguém ou algum grupo para proveito
próprio e/ou finalidades excusas. O conspiracionismo é assunto da próxima
seção. Passemos a ela.
3.
Conspiracionismo
Alguns autores dizem que o conceito de teoria da
conspiração teria surgido com Karl Popper em 1945, que considerava o que
“denunciou como abusiva uma hipótese (em inglês theory) segundo a qual
um acontecimento político foi causado pela ação concertada e secreta de um
grupo de pessoas que tinham interesse em seu resultado” (Wikipedia em
francês). Outros dizem que ela surgiu nos Estados unidos em 1964, por ocasião
do assassinato de John Kennedy. Seja qual for sua origem, o significado
atribuído a ela nos diversos contextos é aproximadamente o mesmo. A Wikipedia
em alemão diz que “como teoria da conspiração (Verschwörungstheorie)
entende-se a tentativa de explicar uma situação, um acontecimento ou uma
transformação por meio de uma conspiração, isto é, mediante a ação direcionada,
conspirativa de um grupo geralmente pequeno de atores visando um objetivo
geralmente ilegal ou ilegítimo”. Em francês essa ideologia é conhecida pelo
nome de théorie du complot e em italiano como teoria del complotto e sindrome
del complotto, à qual Umberto Eco
dedicou alguns ensaios.
A teoria da conspiração
tem muitas afinidades com o negacionismo, pois, quem considera qualquer
situação ou acontecimento como resultado de um complô ou conspiração está
negando evidências em contrário do que pensa; nega até resultados de sérias
pesquisas científicas. Quem não concorda com os conspiracionistas está
conspirando com vistas a algum interesse próprio ou de seu grupo.
Existem dois tipos de conspiração: conspiração real
(ECO, 2017) e conspiração imaginária. As primeiras se dão com relativa
frequência na administração (governança) de países e de grandes empresas. Por
exemplo, um pequeno grupo de pessoas se reúne na surdina a fim de maquinar a
derrubada de quem está no poder, administrando o país ou a empresa. As segundas
são fruto de mentes mal informadas, que sempre acham que determinados fatos
tidos como verdadeiros não passam de conspiração de alguém ou algum grupo de
pessoas a fim de obter alguma vantagem.
Muitos pensadores dedicaram ensaios à teoria da conspiração.
Umberto Eco, por exemplo, diz em uma de suas publicações sobre o assunto:
Acaba de ser traduzido para o
italiano o livro de Kate Tuckett, Cospirazioni.
Trame, complotti, depistaggi, e altre inquietanti verità nascoste (2015). Em uma resenha no Corriere della
sera Ranieri Polese lamentava que ele trata de uma grande quantidade
de presumíveis conspirações, dos Templários à morte de Mozart, do assassínio de
Kennedy à morte de Lady Diana, da ‘verdade’ sobre o 11 de setembro aos pseudo-mistérios
cristológicos revelados por Dan Brown no Código Da Vinci, mas se
esquece do talvez maior exemplo de construção de um complô mundial, os famigerados
e mentirosos Protocolos dos Sábios de Sião” (ECO, 2016).
O autor continua dizendo,
Protocolos à parte, a síndrome do complô é tão antiga
quanto o mundo e quem definiu de modo brilhante sua filosofia é Karl Popper, em
um ensaio sobre a teoria social da conspiração que se encontra em Conjectures
and refutations (1976) “A dita teoria, mais primitiva do que muitas formas
de teísmo, é semelhante à que se encontra em Homero. Consideravam o poder dos
deuses de modo que tudo que acontecia diante de Troia era nada mais do que um
reflexo das múltiplas conspirações tramadas no Olimpo. A teoria social da
conspiração é na verdade uma versão desse teísmo, da crença em divindades cujos
caprichos e vontades dominam tudo. Isso é consequência do desaparecimento da
referência a deus e da seguinte pergunta: “Quem está no seu lugar?” Este é
agora ocupado por diversos homens e grupos poderosos – sinistros grupos de
pressão aos quais se pode imputar o surgimento da grande depressão e todos os
males que nos afligem [...]. Quando os teorizadores da conspiração chegam ao
poder, ela adquire a aparência de uma teoria que descreve eventos reais. Por
exemplo, quando Hitler conquistou o poder, acreditando no mito da conspiração
dos Sábios de Sião, tentou não ser superado por sua própria constraconspiração
(ECO, 2016).
Vejamos alguns exemplos
de conspirações reais e de umas poucas teorias da conspiração, entre as
inúmeras que existem por aí. Comecemos pelas conspirações reais. Uma das
primeiras de que se tem conhecimento é a conspiração de Catilina (108-62 a. C.)
para derrubar a República Romana e seu poder oligárquico. A obra de Cícero (106-43
a C) As catilinárias é o conjunto de quatro discursos contra o que
Catilina andava tramando. A chamada Inconfidência
Mineira, ou Conjuração Mineira, foi liderada (pelo menos no final) por
Tiradentes, em Vila Rica, em 1789, e era contra a iminente derrama e contra o
domínio português, que culminou com o enforcamento do líder. A Inconfidência
Mineira foi precedida de diversos levantes, motins, sublevações e sedições,
como a sedição ocorrida no sertão próximo ao rio São Francisco em 1736 contra
os representantes da coroa portuguesa devido à cobrança dos quintos reais. Temos
também conspiração liderada pelo coronel Claus von Stauffenberg para assassinar
Hitler em 1944, no contexto da Operação Valquíria. Enfim, todo golpe de estado
começa com um grupo de conspiradores reais.
Passemos às
conspirações imaginárias, melhor, imaginadas. Tem gente que ousa dizer que o
atentado de 11 de setembro de 2001 contra as torres gêmeas de New York foi
tramado pelo governo George Bush a fim de ter um motivo para a invasão do Iraq.
Alguns pessoas dizem que o coronavírus foi criado em laboratório na China a fim
de vender antídotos e ganhar muito dinheiro. Há os que acreditam que a ideia de
aquecimento global é uma mentira de quem é contra o desenvolvimento econômico.
Nos dois excertos de textos de Umberto Eco transcritos acima mencionam-se
outros exemplos. Na internet fala-se de milhares de conspirações imaginadas. Não
vale a pena continuar alinhando crenças (crenças?) estapafúrdias como essas,
verdadeiros embustes.
4. Criacionismo
Talvez a ideia defendida pelos criacionistas exista
pelo menos desde o Gênesis bíblico,
sob a forma de mito. Como tal, é uma teoria ingênua, inocente, que em princípio
não ofende ninguém, a não ser que venha associada ao conspiracionismo e,
sobretudo, ao negacionismo. A não ser também que não seja usado como pretexto
para se praticar algum tipo de etnocentrismo, por exemplo, discriminar
religiões de pequenos grupos étnicos, como os ameríndios e os africanos. A
ideologia do criacionismo surgiu por motivação religiosa. Até hoje muitas
autoridades eclesiásticas, de diversas denominações religiosas, a defendem. No
catolicismo não poderia ser diferente.
Na
Wikipedia em inglês encontra-se a informação de que o termo “criacionista”
apareceu pela primeira vez em 1842 no rascunho do que viria a ser a Origem
das espécies (1859), de Charles Darwin. Diz-se também que Darwin usou o
termo em correspondência com colegas. Eu não consegui checar essas informações,
mas elas parecem plausíveis.
No fundo, os criacionistas radicais são também
negacionistas, por negar os achados da teoria da evolução das espécies. De
acordo com eles, tudo foi criado por Deus, como narrado no livro Gênesis
da Bíblia. Eles acham que a hipótese da origem monogenética das espécies que se
diversificariam cladogeneticamente está errada. Cada espécie nasceu como tal,
ou seja, defendem a poligênese. Tudo isso por um desígnio divino.
O uso do termo se intensificou junto aos cristãos
fundamentalistas norte-americanos no início da década de vinte do século
passado. Várias denominações cristãs apoiam o criacionismo, como o movimento
adventista, por exemplo. O Papa Francisco tem se manifestado a favor da ciência
em diversas oportunidades, mesmo enfrentando a fúria dos católicos
conservadores.
5.
Terraplanismo
A crença de que a terra é plana deve ter existido
desde a época do homo erectus ou,
pelo menos, desde o homo sapiens,
quando não pelo seu limitado raio de visão e de ação. Quando os humanos
começaram a refletir, a olhar para o mundo e, sobretudo, para o céu estrelado
tentando decifrá-lo, a crença deve ter continuado. É assim que pensavam os
egípcios, os babilônios e é isso que se pode deduzir da obra de Homero (Ilíada, Odisseia). Entre os filósofos
gregos pré-socráticos, Empédocles (495-435 a C) defendia essa ideia. Entre os
pensadores da época da filosofia helenístico-românica, temos pelo menos Epicuro
(341-270 a C), como se lê em Faria (2019, p. 70, 91).
A crença na terra plana era comum também entre os
antigos povos nórdicos e germânicos, na antiga filosofia indiana e na chinesa.
No caso desta última, temos Taoísmo, do qual as duas obras mais famosas são o I ching (O livro das mutações) e o Tao
te ching, de Lao Tzu. Conta a lenda que naquela época havia um pensador na
China que tinha medo de a lua e o sol caírem sobre a terra. Para o que
interessa no presente contexto, é interessante citar os comentários sobre o I ching feitos por Jean-Philippe
Schlumberger.
Observamos que, tanto para os
chineses como para nós, o céu é redondo e a terra, quadrada. Trata-se de dados
simbólicos básicos, que caracterizam toda a humanidade por uma razão bastante
simples: é assim que se vê. A noite
estrelada forma uma cúpula ou um domo acima do homem, sobretudo se este a
contempla num lugar descoberto em que o ar é puro, como numa savana ou num
deserto. O quadrado da terra também é um dado inteiramente natural, já que o
horizonte tem quatro dimensões: adiante, atrás, lado direito e lado esquerdo.
Esse horizonte é plano; nas grandes planícies, trata-se da mais reta de todas
as linhas visíveis. Quatro linhas retas traçadas com um bastão no saibro ou na
poeira formam um quadrado. Estou no meio desse quadrado, eu me represento por
um ponto. Isso tem como resultado o número cinco, um número fácil de contar nos
dedos de uma única mão. Esse mesmo ponto me permite, com um pouco de
habilidade, traçar o círculo do céu: por conseguinte, eu, o ponto, estou no
centro do que está acima. Como é bastante evidente que não estou nesse lugar
fisicamente, eu o faço no sonho, em que tenho a sensação de voar, ou pelo
grande ancestral de que eu, assim como todos os meus irmãos, faço parte
(SCHLUMBERGER, 1997, p. 41).
A ideia de que a terra é redonda também é bem
antiga. Falando de Tales (ca. 624-562 a C), Fuillée (1875) disse que “em
astronomia ele dizia que a terra é redonda” (p. 32). Os pitagóricos tinham
opinião semelhante, como o próprio Pitágoras (582-500 a C). Para eles, “a
Terra, os corpos celestes e o universo em seu conjunto eram esféricos, pois a
esfera era o mais perfeito dos sólidos geométricos. Os diferentes corpos, no
Universo, moviam-se com um movimento circular uniforme, de vez que o círculo
era a figura geométrica perfeita" (MASON, 1962, p.18). Segundo Alfred
Fischl, “eles haviam reconhecido a forma de bola da terra e dos outros corpos
celestes”.
Havia também os que achavam que a terra apresentava
forma cilíndrica. Assim, “Anaxágoras, um típico filósofo jônio, sustentava que
a terra era um cilindro, e não uma esfera, como os pitagóricos a julgavam”
(FISCHL, 1962, p. 22). O importante no presente contexto é que para eles ela
não era plana. Todo esse conhecimento foi reunido por Eratóstenes (276-194 a C)
em seus estudos de geografia matemática e astronômica. Para todos eles, a terra
era vista “como um globo dotado de dois polos e um equador" (MASON, 1962,
p. 37). Possidônio (+100 a C) falou de esfericidadade da terra
indiretamente, tentando determinar sua circunferência. Ele era “o grande
matemático dos estoicos” (FISCHL, 1962, p. 153).
A despeito de tudo que acaba de ser dito, ou seja, a
despeito de a esfericidade da terra ter sido demonstrada desde a Antiguidade, a
concepção de que a terra seria plana perdurou por muitos séculos.
Surpreendentemente ela subsiste até os dias de hoje, felizmente em círculos
restritos, compostos de pessoas que negam os achados da ciência, os
terraplanistas, logo, todo terraplanista é também negacionista.
Os terraplanistas contam com associações com vários
membros, têm canal no YouTube, enfim, ainda há muita gente que acredita que a
terra é planiforme. Nos EUA existe a Flat Earth Society (Sociedade da Terra
Plana). Para os terraplanistas, dizer que a terra é redonda é uma falácia dos
globalistas. Tanto que odeiam a NASA, pois, juntamente com inúmeros satélites
artificiais, ela tem mostrado o globo azul pairando no espaço sideral, cena
vista pela primeira vez por Yuri Gagarin em 1961.
Mesmo assim, os terraplanistas acham que Copérnico,
Tycho Brahe, Kepler, Galileo, Newton e Einstein são mentirosos. O que
demonstraram não é a verdade. Verdade é aquilo em que acreditam. Nem o fato de
um casal italiano que saiu em um veleiro à procura da beirada da terra ter se
perdido os convence. Esse casal teve que ser resgatado pela guardia costiera italiana, munida dos
recursos tecnológicos necessários providos pela ciência que eles negavam.
6.
Geocentrismo
Entre os gregos, quem primeiro disse que o sol gira
em torno da terra foi o filósofo alexandrino Cláudio Ptolomeu (90-168 a C), em
seu livro Almagesto (Sintaxe matemática). Usando epiciclos e
deferentes ele criou um modelo de movimento dos corpos celestes bem avançado
para a época. A ideia foi aceita inclusive por Aristóteles, a meu ver o maior
cientista de todos os tempos. O modelo prevaleceu nas sociedades da Idade
Média. Mas, o que lhe deu mais força foi a Igreja tê-lo transformado em um
dogma, com o que ele sobreviveu por mais de uma dezena de séculos. Houve até
mesmo quem fosse executado (queimado na fogueira) por defender a ideia
contrária, considerada herética, de que é a terra que gira em torno do sol
(heliocentrismo). Um deles é Giordano Bruno (1548-1600), que defendia outras
ideias consideradas heresias. Galileo Galilei (1564-1642) só não morreu porque
se retratou perante o tribunal.
A crença de que a terra é o centro do mundo, melhor,
de que o sol gira em torno da terra se perde nas brumas da história. Para os
leigos, o que se vê a olho nu é o sol girando em torno da terra. É possível
prová-lo simplesmente mostrando o movimento do sol. Ao alvorecer, ele nasce no
leste e vai subindo no céu, passa pelo zênite (sobre nossa cabeça, oposto ao nadir, sob nossos pés), começa a descer
na direção do oeste até se por e desaparecer no horizonte. No dia seguinte, o
movimento se repete, indefinidamente. Portanto, é possível “provar”, ou
“demonstrar” direta, concreta e objetivamente que ele gira em torno da terra.
Não há como negar, pois é o que se vê. Se você não acreditar, eu posso lhe
mostrar. A propósito do conhecimento, Giordano Bruno (1548-1600) distingue
“quatro graus, em ordem hierárquica ascendente. São eles: os sentidos, cujo objeto é o sensível, e a verdade que manifesta é
mera aparência”. A razão, o intelecto e a mente é que estão no nível do conhecimento
científico (apud PADOVANI;
CASTAGNOLA, 1958, p. 215-216).
Por se basearem apenas nos sentidos, no caso, a
visão, não entendem que há uma paralaxe. De uma perspectiva indutiva, que parte
dos dados para se chegar a generalizações, fica “cientificamente” provado que é
o sol que gira em torno da terra, não o contrário. Infelizmente, porém, nossa
experiência sensorial pode nos enganar. “O sol girando em torno da terra” é uma
visão a partir de dentro do próprio sistema. Mas, a ciência não se limita a essa
visão; ela olha para a relação sol-terra a partir de fora dos dois, mesmo que
isso tenha que ser feito por método geométrico e cálculos matemáticos.
Atualmente, isso pode ser feito a partir de um satélite artificial que nos
fornece uma visão holística da relação entre sol e terra. Sem a menor sombra de
dúvida, fica cientificamente demonstrado, e até mostrado, que a terra gira em
torno do sol.
De todos os disparates e de todas as
irracionalidades discutidas neste ensaio, o geocentrismo é o mais anódino, o
mais inofensivo. Poder-se-ia mesmo dizer que é o que faz mais sentido, com
perdão da contradição, pois, o que é disparatado e irracional é logicamente
contraditório, portanto, não é muito legítimo dizer que faz sentido. No
entanto, ele é parte do senso comum até os dias de hoje. Afinal, o que vemos
todos os dias é o “sol girando e torno da terra”. Se alguém discordar, basta ir
com o descrente para um lugar aberto antes do amanhecer e lhe mostrar o
movimento do sol até o anoitecer. Este é o melhor exemplo para se mostrar que o
que nos mostram os cinco sentidos não é necessariamente o mundo como ele é. Como
diz a sabedoria popular, as aparências enganam.
7.
Heliocentrismo
O primeiro pensador a dizer que a terra gira em
torno do sol foi Aristarco de Samos por volta de 270 a.C. Segundo Fuillée
(1875, p. 45) houve quem defendesse a ideia indiretamente, como Pitágoras
(582-500 a C), para quem “a terra não deve ser o centro do mundo”. Hiketas (ca. 400 a.C. - -335 a.C.) disse que a terra gira em torno de seu eixo (rotação da terra). Seleuco
de Selêucia procurou fundamentar cientificamente esse sistema já em 150 a C. O
jônico Anaximandro de Mileto (611-548 a C) dizia que "a terra se assemelha
grandemente com uma esfera " (FISCHL, 1962, p. 10). Assim, Copérnico pôde
referir seu sistema a esses precursores” (FISCHL, 1948, p. 19, 22) (Russell
(1982) p. 85ss).
Sempre que se fala sobre heliocentrismo o primeiro
nome que vem à tona é o de Nicolau Copérnico (1473-1543). Ele formulou a
hipótese no livro De revolutionibus orbium coelestium (Da revolução de esferas celestes), em 1543, de modo mais
elaborado, não apenas metafisicamente. A ideia provocou uma revolução na
Astronomia, a tal ponto que Immanuel Kant a chamou de “revolução copernicana”,
na Crítica da razão pura (1781). Mais
próximo de nossa época, Thomas Kuhn publicou o livro A revolução copernicana (1957), que teve um impacto muito grande na
história da ciência.
O heliocentrismo, a ideia de que a terra gira em
torno do sol, foi ganhando adeptos um atrás do outro. Um deles é o dinamarquês
Tycho Brahe (1546-1601), nascido três anos após a morte de Copérnico. Brahe é
um dos mais ilustres representantes da nova ciência, que se baseava
fundamentalmente na observação direta, tendo chegado a conclusões importantes
sobre as estrelas e os planetas. Essas conclusões eram uma síntese eclética das
concepções tradicionais (que incluíam o geocentrismo) e as modernas, ligadas a
Copérnico. Seus achados constituíram subsídios importantes para Johannes Kepler
formular as leis subjacentes à teoria copernicana.
Em seguida vem Giordano Bruno (1546-1600),
contemporâneo de Tycho Brahe. Bruno defendeu ideias que iam de encontro aos
dogmas da igreja, ou seja, ideias consideradas erros teológicos, heresias,
blasfêmias e conduta imoral. Entre essas heresias estava a defesa do
heliocentrismo, sua discordância em relação à condenação eterna, à trindade, à
divindade de Cristo, à virgindade de Maria e à transubstanciação. Por isso foi
condenado à morte na fogueira pela Inquisição do Santo Ofício. No entanto, sua
condenação e execução pelos algozes da Inquisição saiu pela culatra: sua morte
fez dele um mártir e acabou chamando a atenção para as ideias que defendia.
O terceiro defensor ilustre do heliocentrismo é Galileo
Galilei (1564-1642), 18 anos mais novo que Giordano Bruno. Portanto, foram
contemporâneos. Galileo só não foi executado porque se retratou perante os
algozes da Inquisição, num famoso processo que inclusive foi objeto de uma peça
teatral de Bertolt Brecht, A vida de
Galileo, escrita entre 1939 e 1943. Tudo isso aconteceu porque o
geocentrismo dominou a Astronomia na Antiguidade e na Idade Média, como um
dogma de Igreja. Corre a lenda que mesmo tendo se retratado e dito que é o sol
que gira em torno da terra no tribunal da Inquisição, ao sair ele teria
murmurado para si mesmo: eppur si muove
(“mas ela se move – a terra, hhc), ou seja, a terra se move ao redor do sol.
Muitos cientistas inclusive da atualidade justificaram sua retratação. Se ele
tivesse mantido suas ideias revolucionárias e antidogmáticas perante os
algozes, teria sido executado e o mundo teria perdido um grande cientista. Ele
pôde continuar vivendo e fazendo suas pesquisas, mesmo que tenha tido que viver
o resto da vida em prisão domiciliar. Sua morte prematura teria sido uma grande
perda para a ciência.
O quarto grande defensor do heliocentrismo é Johannes
Kepler (1571-1630), alemão, que foi assistente de Tycho Brahe. Com ele o
geocentrismo foi definitivamente rechaçado nos meios científicos, quando não
devido ao fato de ele ser uma das figuras mais importantes no período da
revolução científica do século XVII. Suas ideias foram uma das bases para a
teoria da gravitação universal de Newton.
8. Discussão
A filosofia dos negacionistas é o Achismo. O mundo,
as coisas, os acontecimentos, os eventos são aquilo que acham que são, não o
que efetivamente são. Eles veem em tudo apenas a parte que lhes interessa, a
partir do que conseguem ver. Não são capazes de ver o todo (holismo). Por verem
só uma parte, são parciais. Assim, cabe uma pergunta: eles procedem assim por
ignorância, por ingenuidade ou apenas para discordar por discordar, para serem
diferentes? Ou existe uma intenção maquiavélica por trás de suas atitudes, uma
velhacaria, má fé?
Silva (2021, p. 27-28) apresenta uma síntese das
ideologias discutidas acima (criacionismo, negacionismo, terraplanismo,
geocentrismo), acrescentando a elas o bolsonarismo. Ele é o negacionista-mor
brasileiro, despudoradamente maquiavélico. Seu desejo não tão velado assim é
implantar uma ditadura militar, de modo que possa ditar a todo mundo o que acha
e o que quer. Por agrupar todas as demais supra, ele é o campeão de
obscurantismo e do primitivismo, no pior sentido dessas palavras. Para ele,
quem não adere a essas ideologias, está praticando “ideologia”, mas ele não.
Mal sabe ele que a sua é ideologia no pior sentido da palavra. Por tudo isso,
nenhuma dessas ideologias merece o nome de teoria. Talvez possam ser chamadas
de síndrome, como diz Eco da teoria da conspiração, que ele chama também de
“síndrome do complô” (ECO, 2016).
Das cinco ideologias aqui comentadas (negacionismo,
conspiracionismo, criacionismo, terraplanismo, geocentrismo), as três últimas podem
ser inofensivas, caso não estejam associadas ao negacionismo nem ao
conspiracionismo. Se contiverem também um negacionismo moderado, continuam
anódinas. Só se tornam perigosas, nocivas, se vêm associadas ao negacionismo
radical. Asseverar que a terra é plana não ofende ninguém. O mesmo se pode
dizer de quem nega a teoria da evolução (criacionismo) e de quem acha que é o
sol que gira em torno da terra. São ideologias ingênuas, às vezes infantiloides
e até mesmo folclóricas. São defendidas por pessoas com pouca (in)formação
cultural e científica. Acreditam mais no que os vizinhos e conhecidos dizem do
que nos achados da ciência. Atualmente se informam basicamente pelo que recebem
pelas redes sociais, sem sequer checar as informações antes de repassá-las a
outrem.
Márcio
M. S. Silva diz sobre dessas ideologias;
A
essas quatro ideologias aberrantes, poderíamos acrescentar a ‘ideologia
bolsonarista’”, que ele considera primitiva. Sobre todas elas Silva diz que “Se
as filosofias construcionistas dizem, com base em argumentos filosoficamente
aceitáveis, que a linguagem cria o mundo, as ideologias recém-elencadas dizem
que o mundo, os fatos, a verdade é o que interessa a mim e ao meu grupo, é o
que nós queremos que aí esteja e que seja como queremos que seja. O que os outros
veem é mentira, é conspiração para defender interesses espúrios e incógnitos”.
A conclusão que o autor tira disso é que “Até parece que os defensores dessas
ideologias estão a fim de fazer deboche com a situação, fazer gozação de nossa
cara, zoar conosco; só pode ser isso. É difícil acreditar que sejam sinceros no
fundo de suas consciências” (SILVA, 2021).
De todas essas ideologias
estapafúrdias, o negacionismo e a teoria da conspiração são as mais nocivas
porque são movidas pelo conflito, que leva ao ódio, que pode levar à violência.
Tirando o geocentrismo, que é bastante antigo e que para o sentido da visão
parece fazer sentido, todas essas ideologias têm muito em comum. Frequentemente
elas se imbricam umas nas outras.
Reza
a lenda que Albert Einstein teria dito que é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito arraigado.
Você pode matar uma pessoa, mas não suas crenças. Não há argumentos científicos, históricos ou
exemplos concretos que convençam os negacionistas e os conspiracionistas. Se
lhes mostrarmos um pau e eles disserem que é pedra, nada os faz mudar de
opinião. Por isso, Márcio M. G. Silva argumenta que
“ideologia cega e ensurdece as pessoas. Não interessa o que elas veem nem o que
ouvem. Elas estão afetadas pelo Problema de Orwell, como formulado por Noam
Chomsky: as evidências abundam, ninguém em sã consciência discorda, mas os seguidores
dessas ideologias juram de pés juntos que não é verdade. Tudo é culpa da
imprensa, que só quer falar mal de sua ideologia, distorcendo os fatos” (SILVA,
2021, p. 28).
Poderíamos aplicar aos seguidores das
ideologias absurdas comentadas acima a asserção de Umberto Eco de que “as redes
sociais dão direito de palavra a uma legião de imbecis que antes se expressavam
apenas no bar depois de um pouco de cerveja, sem incomodar a coletividade. Logo
em seguida se calavam, ao passo que agora têm o mesmo direito à palavra que um
prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis” (La Stampa, 23/06/2019). Eco
disse isso quando recebeu o título de doutor honoris causa em
comunicação e cultura na Universidade de Turim. Minha primeira reação foi
considerar a asserção de Eco uma atitude preconceituosa. No entanto, diante de
tantas asneiras, tantas imbecilidades que ouvimos pelas redes sociais, tantas
notícias falsas, maldosas mesmo, bem como diante das ideologias comentadas no
presente artigo, sou propenso a dar razão a ele. Qualquer negacionista ou
conspiracionista, qualquer imbecil pode divulgar o que acha sobre qualquer
coisa aos quatro cantos do mundo. Quando é apenas besteira inocente, tudo bem,
mas, frequentemente são palavras ferinas, ofensivas, maldosas, mentirosas que
podem afetar a reputação de alguém inocente.
As cinco ideologias discutidas acima se entrecruzam
de diversas formas. Os terraplanistas negam a esfericidade da terra; os
criacionistas negam a teoria evolucionista; os geocentristas negam que a terra
gira em torno do sol; os conspiracionistas negam tudo que refuta sua crença de
que há conspiração naquilo em que acreditam. Os bolsonaristas negam tudo que a
ciência, a história e o senso comum nos mostram se não estiver de acordo com
aquilo em que o guru Bolsonaro acredita.
Falando dos “idiotas da pandemia”, Luiz Felipe Pondé
disse que “a ciência exige pensamento racional, mas grande parte da humanidade
tem dificuldade para pensar racionalmente, frequentemente agindo como se agia
na época das cavernas”. O atual presidente está nesse caso. Tudo isso leva ao
negacionismo (TV Cultura, 15/03/2021, 21h10min).
7. Observações
finais
Arne Naess escreveu um livro inteiro para defender a
importância do sentimento (da intuição, da inteligência emocional) frente ao
pensamento racional, mas sem negá-lo (NAESS, 2002). Os dois são parte de um todo.
A recolha de dados para este artigo me permitiu
fazer uma breve, porém interessantíssima viagem pela pré-história e história da
ciência. Foi muito bom ter uma ideia de como as bases epistemológicas de nosso
conhecimento científico foram sendo construídas.
Para
terminar, apresento um diálogo possível entre um negacionista e um cientista no
que tange às interações entre a terra e o sol:
-Cientista:
A terra gira em torno do sol.
-Negacionista:
Não, é o sol que gira em torno da terra.
-Cientista:
Por que você afirma isso?
-Negacionista:
Porque é o que se pode ver e é eu vejo todos os dias.
-Cientista:
Infelizmente, o que você vê não é o que você acha que vê.
-Negacionista: Por que não?
-Cientista:
O que você percebe pelo sentido da visão é apenas uma minúscula parte do
todo em que as relações entre a terra e o sol estão inseridas. Uma visão do
todo, a partir de fora da terra e do sol, mostra a terra girando em torno do
sol. Do contrário seria como você querer avaliar a posição relativa de sua casa
em relação ao bairro em que ela se encontra olhando a partir de dentro da
própria casa.
Referências
BOFF,
Leonardo. Os negacionistas ameaçam a vida na terra. Revista IHU On-Line. edição 546, 04 de
fevereiro de 2021. Disponível em:
ECO, Umberto. La síndrome del complotto. Query: La scienza indaga i mysteri.
23/02/2016. Disponível em:
https://www.queryonline.it/2016/02/23/speciale-umberto-eco-la-sindrome-del-complotto/
_______. Conclusioni sul complotto: da Popper a Dan Brown. CICAP 30-05-2017.
Disponível
em: https://www.cicap.org/n/articolo.php?id=278419
FARIA, Rodrigo Cristino de. Filosofia, história, astronomia: um estudo sobre Ptolomeu. Tese de
Doutorado em Filosofia, USP, 2019.
FISCHL, Johann. Geschichte
der Philosophie. Graz: Verlag Anton Pustet, 1948, 2ed.
FUILLÉE, Alfred. Histoire
de la philosophie. Paris: Librairie Delagrave, 1875.
MASON, Stephen Finney. História
da ciência. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1962.
MILANESI, Claudio. Il complotto, il gioco, la realtà: Umberto Eco, George Orwell,
Primo Levi, Dan Brown. In: Magni, Stefano; Palombi, Mélinda (orgs.). La
réécriture de l’histoire dans les romans de la postmodernité.
Aix-en-Provence: Presses Universitaires de Provence, 2015, p. 91-102.
NAESS, Arne. Life’s
philosophy: reason and feeling in a deeper world. Athens: the University of
Georgia Press.
PADOVANI, Humberto; CASTAGNOLA, Luís. História da filosofia. São Paulo: Edições melhoramentos, 1958, 3ed.
POPPER, Karl. Conjectures and refutations. Londres e
Henley: Routledge & Kegan Paul, 1976, 4ª. ed.
RECALCATI, Massimo. Os negacionistas puberais. Revista IHU
On-Line,
edição
546, 12/08/2020. Disponível em:
http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/601790-os-negacionistas-puberais-artigo-de-massimo-recalcati
RUSSELL, Bertrand. História da
filosofia ocidental. São Paulo/Brasília: Cia. Ed. Nacional/Editora da UnB,
1982.
SANTOS,
Boaventura de Sousa. Negacionismo, gatopardismo e transicionismo. Revista IHU on-line, edição 546,
02/12/2019. Disponível em:
http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/604083-negacionismo-gatopardismo-e-transicionismo
SCHLUMBERGER,
Jean-Philippe. I ching: princípios,
prática e interpretação. São Paulo: Pensamento, 1997, 10ed.
SCHÖCH,
Christof. La
teoria del complotto nei romanzi di Umberto Eco o lo specchio del nichilismo
contemporaneo. Toulon (La garde), 2017. Disponível em versão francesa e
italiana em: https://www.romanistik.de/aktuelles/2000
SZWAKO,
José. O que nega o negacionismo? Cadernos de subjetividade, PUC-SP,
2020.
SILVA,
Márcio M. S. Um estudo do discurso do ex-capitão Jair Messias Bolsonaro pela
Análise do Discurso Ecossistêmica. ECO-REBEL
v. 7, n. 1, 2021, p. 18-34. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/erbel/article/view/36696/29025
VITA, Luís Washington. Momentos decisivos do pensamento filosófico. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1964.
Nenhum comentário:
Postar um comentário