domingo, 5 de setembro de 2021

 

NEGACIONISMO, CRIACIONISMO E OUTROS DISPARATES E IRRACIONALIDADES DO MESMO NAIPE

 

Hildo Honório do Couto

Universidade de Brasília

1. Introdução

Não é um texto a ser publicado em uma revista acadêmica. É mera incursão que fiz no domínio dos negacionismos e quejandos. Foi uma experiência interessante. Como mostram algumas pesquisas já antigas, o negacionista tem um QI de médio para baixo. Ele não é muito dato à reflexão a fim de verificar se suas crenças têm fundamento ou não. Ele acredita e pronto.

 

2. Negacionismo

O termo negationnisme foi cunhado pelo historiador francês Henry Rousso, no livro Le Syndrome de Vichy (1987). Silva (2021, p. 28) afirma que no Dictionnaire Larousse Online, está dito que negacionismo é uma “doctrine niant la réalité du génocide des juifs par les nazis, notamment l’existence des chambres à gaz” (doutrina que nega a realidade do genocídio dos judeus pelos nazistas, sobretudo a existência das câmaras de gás)”. No Dicionário Priberam Online lê-se que o termo designa “Que ou quem nega ou não reconhece como verdadeiro um facto ou um conceito que pode ser verificado empiricamente”. Em inglês se fala também em denialism, de deny (negar) que deu denial (negativa). Vale dizer, o negacionista nega achados científicos, resultados de longas pesquisas que usam metodologias publicamente replicáveis bem como fatos históricos amplamente comprovados. O que vale para ele é o que ele acha que é a verdade, com base em suas crenças, sua ideologia, não o que está comprovado publicamente, pela história e pela ciência.

Pode-se falar em “negacionismo radical” e “negacionismo moderado”. O criacionismo e o terraplanismo poderiam ser incluídos na categoria do negacionismo moderado, pois até certo ponto são anódinos, inofensivos. Mas, o negacionismo do ex-presidente americano Donald Trump e do brasileiro Jair Bolsonaro contra evidências científicas bem como o do ex-presidente do Irã Mahmud Ahmadinejad contra fatos históricos amplamente documentados e conhecidos pertencem ao pior tipo de negacionismo, o negacionismo radical, que é cego e enviesado por ideologias idiossincráticas. Ahmadinejad afirmou que não houve o holocausto provocado pelo regime de Hitler, mesmo diante do testemunho pessoal de pessoas que ainda estão vivas e de inúmeras provas históricas. De acordo com o filósofo Leonardo Boff, “o presidente brasileiro, súcubo de Trump, é o campeão absoluto entre os negacionistas” (BOFF, 2021).

Existem inúmeros tipos de negacionismo. Para mencionar apenas uns poucos temos o negacionismo climático, do holocausto, da ciência, da evolução, do coronavírus, do genocídio armênio, da chegada dos humanos à lua etc. Idiossincrasias negacionistas abundam. Afinal, a criatividade e a estupidez humanas não têm limites. A ciência vem lutando para produzir vacinas para imunizar a população, mas os negacionistas defendem o uso de cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina. O atual ocupante da presidência do Brasil é um verdadeiro garoto-propaganda da cloroquina. Frequentemente aparece em atos públicos exibindo o produto. Diante de críticas, chegou a debochar, dizendo: “quem é de direita toma cloroquina; quem é de esquerda toma tubaína”.

No presente momento (abril de 2021), a pandemia está completando um ano (no Brasil ela começou em março de 2020). As autoridades da saúde, a OMS, os pesquisadores de antídotos ao coronavírus, enfim todo mundo que segue os achados e os procedimentos científicos defendem distanciamento social, uso de máscara, lavagem constante das mãos, desinfecção com álcool em gel e outros recursos profiláticos. Infelizmente, porém, há um grupo de pessoas que nega tudo isso. Para elas não é necessário evitar contatos sociais. Pelo contrário, deve-se inclusive manter o comércio funcionando a todo vapor. Esse grupo é capitaneado por Jair Bolsonaro. Um dos negacionistas do seu pequeno grupo de apoiadores, Daniel Silveira, disse que a máscara é “focinheira ideológica”. Também ele é contra o isolamento social e a vacinação. Esse prepotente elemento é deputado federal. Ele foi preso por defender intervenção militar e fechamento do STF, além de divulgar notícias falsas. Essas notícias são veiculadas pelas mídias sociais que são um formidável veículo para a divulgação de ideias negacionistas. Como disse Umberto Eco, por meio delas qualquer imbecil consegue divulgar o que pensa tanto quanto um prêmio Nobel.

Há interpretações psicanalíticas das atitudes dos negacionistas. Falando de Donald Trump e Jair Bolsonaro – de novo eles! – o psicanalista italiano Massimo Recalcati disse que “o vandalismo político irresponsável desses dois trágicos líderes tem uma matriz fantasmática que poderíamos definir grosso modo puberal-adolescente: A morte e a doença não existem e se existissem não me diriam respeito; a onipotência da minha imagem é imune a qualquer risco; se algum outro for atingido, faz parte do jogo mas este fato não determinará o fim do jogo do qual continuo senhor”. Com efeito, “a atitude negacionista pertence clinicamente ao tempo da adolescência patológica, onde a reivindicação absoluta da própria liberdade aparece desvinculada de qualquer referência ética àquela da responsabilidade (RECALCATI, 2020).

José Szwako também apresenta uma interpretação freudiana do negacionismo. Em sua opinião, “não só o negacionista se acha ‘razoável’, como também lhe é mentalmente impossível não ter ‘a razão’. Por isso, “mesmo quando se vale das fontes tradicionais da imprensa brasileira, o negacionista é seu ‘crítico’ (“não acredito em nada”) e lê até onde lhe apraz, isto é, até que a defesa idealizada do mercado siga satisfeita com seu ideal de família”. Para o negacionista, “o eu da negação, contudo, não [é] para si negacionista, pois ‘quem não sabe’ é a tia e o tiozão; a ‘desinformação’ é projetada nos seus pais e avós”. Em termos claramente psicanalíticos, o autor diz que “a utopia oral do negacionismo é duplamente escatológica. Seu desejo de fim do mundo é um desejo cadavérico, repleto de moribundos, putrefação e lixo”. Especificamente sobre Bolsonaro, Szwako diz: “A base e o presidente parecem, na verdade, disputar quem é mais ‘realista’, quem é mais capaz de ignorar os desmentidos diários de suas opiniões”. Tanto que “o seu eu faz mais que editar a realidade (o que poderia ser dito de qualquer paixão ou neurótico saudável): de modo perverso, escolheu ‘se informar’, e falsifica a própria falsificação sem desconhecer a sua dupla falsidade – sabe, portanto, que a fake news é fake” (SZWAKO, 2020).

O negacionismo é parente próximo do conspiracionismo. Frequentemente seus seguidores negam determinada situação ou evento porque acham que se trata de uma conspiração de alguém ou algum grupo para proveito próprio e/ou finalidades excusas. O conspiracionismo é assunto da próxima seção. Passemos a ela.

 

3. Conspiracionismo

Alguns autores dizem que o conceito de teoria da conspiração teria surgido com Karl Popper em 1945, que considerava o que “denunciou como abusiva uma hipótese (em inglês theory) segundo a qual um acontecimento político foi causado pela ação concertada e secreta de um grupo de pessoas que tinham interesse em seu resultado” (Wikipedia em francês). Outros dizem que ela surgiu nos Estados unidos em 1964, por ocasião do assassinato de John Kennedy. Seja qual for sua origem, o significado atribuído a ela nos diversos contextos é aproximadamente o mesmo. A Wikipedia em alemão diz que “como teoria da conspiração (Verschwörungstheorie) entende-se a tentativa de explicar uma situação, um acontecimento ou uma transformação por meio de uma conspiração, isto é, mediante a ação direcionada, conspirativa de um grupo geralmente pequeno de atores visando um objetivo geralmente ilegal ou ilegítimo”. Em francês essa ideologia é conhecida pelo nome de théorie du complot e em italiano como teoria del complotto e sindrome del complotto, à qual Umberto Eco dedicou alguns ensaios.

A teoria da conspiração tem muitas afinidades com o negacionismo, pois, quem considera qualquer situação ou acontecimento como resultado de um complô ou conspiração está negando evidências em contrário do que pensa; nega até resultados de sérias pesquisas científicas. Quem não concorda com os conspiracionistas está conspirando com vistas a algum interesse próprio ou de seu grupo.

Existem dois tipos de conspiração: conspiração real (ECO, 2017) e conspiração imaginária. As primeiras se dão com relativa frequência na administração (governança) de países e de grandes empresas. Por exemplo, um pequeno grupo de pessoas se reúne na surdina a fim de maquinar a derrubada de quem está no poder, administrando o país ou a empresa. As segundas são fruto de mentes mal informadas, que sempre acham que determinados fatos tidos como verdadeiros não passam de conspiração de alguém ou algum grupo de pessoas a fim de obter alguma vantagem.

Muitos pensadores dedicaram ensaios à teoria da conspiração. Umberto Eco, por exemplo, diz em uma de suas publicações sobre o assunto:

 

Acaba de ser traduzido para o italiano o livro de Kate Tuckett, Cospirazioni. Trame, complotti, depistaggi, e altre inquietanti verità nascoste (2015). Em uma resenha no Corriere della sera Ranieri Polese lamentava que ele trata de uma grande quantidade de presumíveis conspirações, dos Templários à morte de Mozart, do assassínio de Kennedy à morte de Lady Diana, da ‘verdade’ sobre o 11 de setembro aos pseudo-mistérios cristológicos revelados por Dan Brown no Código Da Vinci, mas se esquece do talvez maior exemplo de construção de um complô mundial, os famigerados e mentirosos Protocolos dos Sábios de Sião” (ECO, 2016).

O autor continua dizendo,

 

Protocolos à parte, a síndrome do complô é tão antiga quanto o mundo e quem definiu de modo brilhante sua filosofia é Karl Popper, em um ensaio sobre a teoria social da conspiração que se encontra em Conjectures and refutations (1976) “A dita teoria, mais primitiva do que muitas formas de teísmo, é semelhante à que se encontra em Homero. Consideravam o poder dos deuses de modo que tudo que acontecia diante de Troia era nada mais do que um reflexo das múltiplas conspirações tramadas no Olimpo. A teoria social da conspiração é na verdade uma versão desse teísmo, da crença em divindades cujos caprichos e vontades dominam tudo. Isso é consequência do desaparecimento da referência a deus e da seguinte pergunta: “Quem está no seu lugar?” Este é agora ocupado por diversos homens e grupos poderosos – sinistros grupos de pressão aos quais se pode imputar o surgimento da grande depressão e todos os males que nos afligem [...]. Quando os teorizadores da conspiração chegam ao poder, ela adquire a aparência de uma teoria que descreve eventos reais. Por exemplo, quando Hitler conquistou o poder, acreditando no mito da conspiração dos Sábios de Sião, tentou não ser superado por sua própria constraconspiração (ECO, 2016).

 

Vejamos alguns exemplos de conspirações reais e de umas poucas teorias da conspiração, entre as inúmeras que existem por aí. Comecemos pelas conspirações reais. Uma das primeiras de que se tem conhecimento é a conspiração de Catilina (108-62 a. C.) para derrubar a República Romana e seu poder oligárquico. A obra de Cícero (106-43 a C) As catilinárias é o conjunto de quatro discursos contra o que Catilina andava tramando. A chamada Inconfidência Mineira, ou Conjuração Mineira, foi liderada (pelo menos no final) por Tiradentes, em Vila Rica, em 1789, e era contra a iminente derrama e contra o domínio português, que culminou com o enforcamento do líder. A Inconfidência Mineira foi precedida de diversos levantes, motins, sublevações e sedições, como a sedição ocorrida no sertão próximo ao rio São Francisco em 1736 contra os representantes da coroa portuguesa devido à cobrança dos quintos reais. Temos também conspiração liderada pelo coronel Claus von Stauffenberg para assassinar Hitler em 1944, no contexto da Operação Valquíria. Enfim, todo golpe de estado começa com um grupo de conspiradores reais.

Passemos às conspirações imaginárias, melhor, imaginadas. Tem gente que ousa dizer que o atentado de 11 de setembro de 2001 contra as torres gêmeas de New York foi tramado pelo governo George Bush a fim de ter um motivo para a invasão do Iraq. Alguns pessoas dizem que o coronavírus foi criado em laboratório na China a fim de vender antídotos e ganhar muito dinheiro. Há os que acreditam que a ideia de aquecimento global é uma mentira de quem é contra o desenvolvimento econômico. Nos dois excertos de textos de Umberto Eco transcritos acima mencionam-se outros exemplos. Na internet fala-se de milhares de conspirações imaginadas. Não vale a pena continuar alinhando crenças (crenças?) estapafúrdias como essas, verdadeiros embustes.

 

4. Criacionismo

Talvez a ideia defendida pelos criacionistas exista pelo menos desde o Gênesis bíblico, sob a forma de mito. Como tal, é uma teoria ingênua, inocente, que em princípio não ofende ninguém, a não ser que venha associada ao conspiracionismo e, sobretudo, ao negacionismo. A não ser também que não seja usado como pretexto para se praticar algum tipo de etnocentrismo, por exemplo, discriminar religiões de pequenos grupos étnicos, como os ameríndios e os africanos. A ideologia do criacionismo surgiu por motivação religiosa. Até hoje muitas autoridades eclesiásticas, de diversas denominações religiosas, a defendem. No catolicismo não poderia ser diferente.

Na Wikipedia em inglês encontra-se a informação de que o termo “criacionista” apareceu pela primeira vez em 1842 no rascunho do que viria a ser a Origem das espécies (1859), de Charles Darwin. Diz-se também que Darwin usou o termo em correspondência com colegas. Eu não consegui checar essas informações, mas elas parecem plausíveis.

No fundo, os criacionistas radicais são também negacionistas, por negar os achados da teoria da evolução das espécies. De acordo com eles, tudo foi criado por Deus, como narrado no livro Gênesis da Bíblia. Eles acham que a hipótese da origem monogenética das espécies que se diversificariam cladogeneticamente está errada. Cada espécie nasceu como tal, ou seja, defendem a poligênese. Tudo isso por um desígnio divino.

O uso do termo se intensificou junto aos cristãos fundamentalistas norte-americanos no início da década de vinte do século passado. Várias denominações cristãs apoiam o criacionismo, como o movimento adventista, por exemplo. O Papa Francisco tem se manifestado a favor da ciência em diversas oportunidades, mesmo enfrentando a fúria dos católicos conservadores.  

 

5. Terraplanismo

A crença de que a terra é plana deve ter existido desde a época do homo erectus ou, pelo menos, desde o homo sapiens, quando não pelo seu limitado raio de visão e de ação. Quando os humanos começaram a refletir, a olhar para o mundo e, sobretudo, para o céu estrelado tentando decifrá-lo, a crença deve ter continuado. É assim que pensavam os egípcios, os babilônios e é isso que se pode deduzir da obra de Homero (Ilíada, Odisseia). Entre os filósofos gregos pré-socráticos, Empédocles (495-435 a C) defendia essa ideia. Entre os pensadores da época da filosofia helenístico-românica, temos pelo menos Epicuro (341-270 a C), como se lê em Faria (2019, p. 70, 91).

A crença na terra plana era comum também entre os antigos povos nórdicos e germânicos, na antiga filosofia indiana e na chinesa. No caso desta última, temos Taoísmo, do qual as duas obras mais famosas são o I ching (O livro das mutações) e o Tao te ching, de Lao Tzu. Conta a lenda que naquela época havia um pensador na China que tinha medo de a lua e o sol caírem sobre a terra. Para o que interessa no presente contexto, é interessante citar os comentários sobre o I ching feitos por Jean-Philippe Schlumberger.

 

Observamos que, tanto para os chineses como para nós, o céu é redondo e a terra, quadrada. Trata-se de dados simbólicos básicos, que caracterizam toda a humanidade por uma razão bastante simples: é assim que se . A noite estrelada forma uma cúpula ou um domo acima do homem, sobretudo se este a contempla num lugar descoberto em que o ar é puro, como numa savana ou num deserto. O quadrado da terra também é um dado inteiramente natural, já que o horizonte tem quatro dimensões: adiante, atrás, lado direito e lado esquerdo. Esse horizonte é plano; nas grandes planícies, trata-se da mais reta de todas as linhas visíveis. Quatro linhas retas traçadas com um bastão no saibro ou na poeira formam um quadrado. Estou no meio desse quadrado, eu me represento por um ponto. Isso tem como resultado o número cinco, um número fácil de contar nos dedos de uma única mão. Esse mesmo ponto me permite, com um pouco de habilidade, traçar o círculo do céu: por conseguinte, eu, o ponto, estou no centro do que está acima. Como é bastante evidente que não estou nesse lugar fisicamente, eu o faço no sonho, em que tenho a sensação de voar, ou pelo grande ancestral de que eu, assim como todos os meus irmãos, faço parte (SCHLUMBERGER, 1997, p. 41).

  

A ideia de que a terra é redonda também é bem antiga. Falando de Tales (ca. 624-562 a C), Fuillée (1875) disse que “em astronomia ele dizia que a terra é redonda” (p. 32). Os pitagóricos tinham opinião semelhante, como o próprio Pitágoras (582-500 a C). Para eles, “a Terra, os corpos celestes e o universo em seu conjunto eram esféricos, pois a esfera era o mais perfeito dos sólidos geométricos. Os diferentes corpos, no Universo, moviam-se com um movimento circular uniforme, de vez que o círculo era a figura geométrica perfeita" (MASON, 1962, p.18). Segundo Alfred Fischl, “eles haviam reconhecido a forma de bola da terra e dos outros corpos celestes”.

Havia também os que achavam que a terra apresentava forma cilíndrica. Assim, “Anaxágoras, um típico filósofo jônio, sustentava que a terra era um cilindro, e não uma esfera, como os pitagóricos a julgavam” (FISCHL, 1962, p. 22). O importante no presente contexto é que para eles ela não era plana. Todo esse conhecimento foi reunido por Eratóstenes (276-194 a C) em seus estudos de geografia matemática e astronômica. Para todos eles, a terra era vista “como um globo dotado de dois polos e um equador" (MASON, 1962, p. 37). Possidônio (+100 a C) falou de esfericidadade da terra indiretamente, tentando determinar sua circunferência. Ele era “o grande matemático dos estoicos” (FISCHL, 1962, p. 153).

A despeito de tudo que acaba de ser dito, ou seja, a despeito de a esfericidade da terra ter sido demonstrada desde a Antiguidade, a concepção de que a terra seria plana perdurou por muitos séculos. Surpreendentemente ela subsiste até os dias de hoje, felizmente em círculos restritos, compostos de pessoas que negam os achados da ciência, os terraplanistas, logo, todo terraplanista é também negacionista.

Os terraplanistas contam com associações com vários membros, têm canal no YouTube, enfim, ainda há muita gente que acredita que a terra é planiforme. Nos EUA existe a Flat Earth Society (Sociedade da Terra Plana). Para os terraplanistas, dizer que a terra é redonda é uma falácia dos globalistas. Tanto que odeiam a NASA, pois, juntamente com inúmeros satélites artificiais, ela tem mostrado o globo azul pairando no espaço sideral, cena vista pela primeira vez por Yuri Gagarin em 1961.

Mesmo assim, os terraplanistas acham que Copérnico, Tycho Brahe, Kepler, Galileo, Newton e Einstein são mentirosos. O que demonstraram não é a verdade. Verdade é aquilo em que acreditam. Nem o fato de um casal italiano que saiu em um veleiro à procura da beirada da terra ter se perdido os convence. Esse casal teve que ser resgatado pela guardia costiera italiana, munida dos recursos tecnológicos necessários providos pela ciência que eles negavam.

 

6. Geocentrismo

Entre os gregos, quem primeiro disse que o sol gira em torno da terra foi o filósofo alexandrino Cláudio Ptolomeu (90-168 a C), em seu livro Almagesto (Sintaxe matemática). Usando epiciclos e deferentes ele criou um modelo de movimento dos corpos celestes bem avançado para a época. A ideia foi aceita inclusive por Aristóteles, a meu ver o maior cientista de todos os tempos. O modelo prevaleceu nas sociedades da Idade Média. Mas, o que lhe deu mais força foi a Igreja tê-lo transformado em um dogma, com o que ele sobreviveu por mais de uma dezena de séculos. Houve até mesmo quem fosse executado (queimado na fogueira) por defender a ideia contrária, considerada herética, de que é a terra que gira em torno do sol (heliocentrismo). Um deles é Giordano Bruno (1548-1600), que defendia outras ideias consideradas heresias. Galileo Galilei (1564-1642) só não morreu porque se retratou perante o tribunal.

A crença de que a terra é o centro do mundo, melhor, de que o sol gira em torno da terra se perde nas brumas da história. Para os leigos, o que se vê a olho nu é o sol girando em torno da terra. É possível prová-lo simplesmente mostrando o movimento do sol. Ao alvorecer, ele nasce no leste e vai subindo no céu, passa pelo zênite (sobre nossa cabeça, oposto ao nadir, sob nossos pés), começa a descer na direção do oeste até se por e desaparecer no horizonte. No dia seguinte, o movimento se repete, indefinidamente. Portanto, é possível “provar”, ou “demonstrar” direta, concreta e objetivamente que ele gira em torno da terra. Não há como negar, pois é o que se vê. Se você não acreditar, eu posso lhe mostrar. A propósito do conhecimento, Giordano Bruno (1548-1600) distingue “quatro graus, em ordem hierárquica ascendente. São eles: os sentidos, cujo objeto é o sensível, e a verdade que manifesta é mera aparência”. A razão, o intelecto e a mente é que estão no nível do conhecimento científico (apud PADOVANI; CASTAGNOLA, 1958, p. 215-216).

Por se basearem apenas nos sentidos, no caso, a visão, não entendem que há uma paralaxe. De uma perspectiva indutiva, que parte dos dados para se chegar a generalizações, fica “cientificamente” provado que é o sol que gira em torno da terra, não o contrário. Infelizmente, porém, nossa experiência sensorial pode nos enganar. “O sol girando em torno da terra” é uma visão a partir de dentro do próprio sistema. Mas, a ciência não se limita a essa visão; ela olha para a relação sol-terra a partir de fora dos dois, mesmo que isso tenha que ser feito por método geométrico e cálculos matemáticos. Atualmente, isso pode ser feito a partir de um satélite artificial que nos fornece uma visão holística da relação entre sol e terra. Sem a menor sombra de dúvida, fica cientificamente demonstrado, e até mostrado, que a terra gira em torno do sol.  

De todos os disparates e de todas as irracionalidades discutidas neste ensaio, o geocentrismo é o mais anódino, o mais inofensivo. Poder-se-ia mesmo dizer que é o que faz mais sentido, com perdão da contradição, pois, o que é disparatado e irracional é logicamente contraditório, portanto, não é muito legítimo dizer que faz sentido. No entanto, ele é parte do senso comum até os dias de hoje. Afinal, o que vemos todos os dias é o “sol girando e torno da terra”. Se alguém discordar, basta ir com o descrente para um lugar aberto antes do amanhecer e lhe mostrar o movimento do sol até o anoitecer. Este é o melhor exemplo para se mostrar que o que nos mostram os cinco sentidos não é necessariamente o mundo como ele é. Como diz a sabedoria popular, as aparências enganam.

 

 

7. Heliocentrismo

O primeiro pensador a dizer que a terra gira em torno do sol foi Aristarco de Samos por volta de 270 a.C. Segundo Fuillée (1875, p. 45) houve quem defendesse a ideia indiretamente, como Pitágoras (582-500 a C), para quem “a terra não deve ser o centro do mundo”. Hiketas (ca. 400 a.C. - -335 a.C.) disse que a terra gira em torno de seu eixo (rotação da terra). Seleuco de Selêucia procurou fundamentar cientificamente esse sistema já em 150 a C. O jônico Anaximandro de Mileto (611-548 a C) dizia que "a terra se assemelha grandemente com uma esfera " (FISCHL, 1962, p. 10). Assim, Copérnico pôde referir seu sistema a esses precursores” (FISCHL, 1948, p. 19, 22) (Russell (1982) p. 85ss).

Sempre que se fala sobre heliocentrismo o primeiro nome que vem à tona é o de Nicolau Copérnico (1473-1543). Ele formulou a hipótese no livro De revolutionibus orbium coelestium (Da revolução de esferas celestes), em 1543, de modo mais elaborado, não apenas metafisicamente. A ideia provocou uma revolução na Astronomia, a tal ponto que Immanuel Kant a chamou de “revolução copernicana”, na Crítica da razão pura (1781). Mais próximo de nossa época, Thomas Kuhn publicou o livro A revolução copernicana (1957), que teve um impacto muito grande na história da ciência.

O heliocentrismo, a ideia de que a terra gira em torno do sol, foi ganhando adeptos um atrás do outro. Um deles é o dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601), nascido três anos após a morte de Copérnico. Brahe é um dos mais ilustres representantes da nova ciência, que se baseava fundamentalmente na observação direta, tendo chegado a conclusões importantes sobre as estrelas e os planetas. Essas conclusões eram uma síntese eclética das concepções tradicionais (que incluíam o geocentrismo) e as modernas, ligadas a Copérnico. Seus achados constituíram subsídios importantes para Johannes Kepler formular as leis subjacentes à teoria copernicana. 

Em seguida vem Giordano Bruno (1546-1600), contemporâneo de Tycho Brahe. Bruno defendeu ideias que iam de encontro aos dogmas da igreja, ou seja, ideias consideradas erros teológicos, heresias, blasfêmias e conduta imoral. Entre essas heresias estava a defesa do heliocentrismo, sua discordância em relação à condenação eterna, à trindade, à divindade de Cristo, à virgindade de Maria e à transubstanciação. Por isso foi condenado à morte na fogueira pela Inquisição do Santo Ofício. No entanto, sua condenação e execução pelos algozes da Inquisição saiu pela culatra: sua morte fez dele um mártir e acabou chamando a atenção para as ideias que defendia.

O terceiro defensor ilustre do heliocentrismo é Galileo Galilei (1564-1642), 18 anos mais novo que Giordano Bruno. Portanto, foram contemporâneos. Galileo só não foi executado porque se retratou perante os algozes da Inquisição, num famoso processo que inclusive foi objeto de uma peça teatral de Bertolt Brecht, A vida de Galileo, escrita entre 1939 e 1943. Tudo isso aconteceu porque o geocentrismo dominou a Astronomia na Antiguidade e na Idade Média, como um dogma de Igreja. Corre a lenda que mesmo tendo se retratado e dito que é o sol que gira em torno da terra no tribunal da Inquisição, ao sair ele teria murmurado para si mesmo: eppur si muove (“mas ela se move – a terra, hhc), ou seja, a terra se move ao redor do sol. Muitos cientistas inclusive da atualidade justificaram sua retratação. Se ele tivesse mantido suas ideias revolucionárias e antidogmáticas perante os algozes, teria sido executado e o mundo teria perdido um grande cientista. Ele pôde continuar vivendo e fazendo suas pesquisas, mesmo que tenha tido que viver o resto da vida em prisão domiciliar. Sua morte prematura teria sido uma grande perda para a ciência.

O quarto grande defensor do heliocentrismo é Johannes Kepler (1571-1630), alemão, que foi assistente de Tycho Brahe. Com ele o geocentrismo foi definitivamente rechaçado nos meios científicos, quando não devido ao fato de ele ser uma das figuras mais importantes no período da revolução científica do século XVII. Suas ideias foram uma das bases para a teoria da gravitação universal de Newton.

 

8. Discussão

A filosofia dos negacionistas é o Achismo. O mundo, as coisas, os acontecimentos, os eventos são aquilo que acham que são, não o que efetivamente são. Eles veem em tudo apenas a parte que lhes interessa, a partir do que conseguem ver. Não são capazes de ver o todo (holismo). Por verem só uma parte, são parciais. Assim, cabe uma pergunta: eles procedem assim por ignorância, por ingenuidade ou apenas para discordar por discordar, para serem diferentes? Ou existe uma intenção maquiavélica por trás de suas atitudes, uma velhacaria, má fé?

Silva (2021, p. 27-28) apresenta uma síntese das ideologias discutidas acima (criacionismo, negacionismo, terraplanismo, geocentrismo), acrescentando a elas o bolsonarismo. Ele é o negacionista-mor brasileiro, despudoradamente maquiavélico. Seu desejo não tão velado assim é implantar uma ditadura militar, de modo que possa ditar a todo mundo o que acha e o que quer. Por agrupar todas as demais supra, ele é o campeão de obscurantismo e do primitivismo, no pior sentido dessas palavras. Para ele, quem não adere a essas ideologias, está praticando “ideologia”, mas ele não. Mal sabe ele que a sua é ideologia no pior sentido da palavra. Por tudo isso, nenhuma dessas ideologias merece o nome de teoria. Talvez possam ser chamadas de síndrome, como diz Eco da teoria da conspiração, que ele chama também de “síndrome do complô” (ECO, 2016).

Das cinco ideologias aqui comentadas (negacionismo, conspiracionismo, criacionismo, terraplanismo, geocentrismo), as três últimas podem ser inofensivas, caso não estejam associadas ao negacionismo nem ao conspiracionismo. Se contiverem também um negacionismo moderado, continuam anódinas. Só se tornam perigosas, nocivas, se vêm associadas ao negacionismo radical. Asseverar que a terra é plana não ofende ninguém. O mesmo se pode dizer de quem nega a teoria da evolução (criacionismo) e de quem acha que é o sol que gira em torno da terra. São ideologias ingênuas, às vezes infantiloides e até mesmo folclóricas. São defendidas por pessoas com pouca (in)formação cultural e científica. Acreditam mais no que os vizinhos e conhecidos dizem do que nos achados da ciência. Atualmente se informam basicamente pelo que recebem pelas redes sociais, sem sequer checar as informações antes de repassá-las a outrem. 

Márcio M. S. Silva diz sobre dessas ideologias;

 

A essas quatro ideologias aberrantes, poderíamos acrescentar a ‘ideologia bolsonarista’”, que ele considera primitiva. Sobre todas elas Silva diz que “Se as filosofias construcionistas dizem, com base em argumentos filosoficamente aceitáveis, que a linguagem cria o mundo, as ideologias recém-elencadas dizem que o mundo, os fatos, a verdade é o que interessa a mim e ao meu grupo, é o que nós queremos que aí esteja e que seja como queremos que seja. O que os outros veem é mentira, é conspiração para defender interesses espúrios e incógnitos”. A conclusão que o autor tira disso é que “Até parece que os defensores dessas ideologias estão a fim de fazer deboche com a situação, fazer gozação de nossa cara, zoar conosco; só pode ser isso. É difícil acreditar que sejam sinceros no fundo de suas consciências” (SILVA, 2021).

 

De todas essas ideologias estapafúrdias, o negacionismo e a teoria da conspiração são as mais nocivas porque são movidas pelo conflito, que leva ao ódio, que pode levar à violência. Tirando o geocentrismo, que é bastante antigo e que para o sentido da visão parece fazer sentido, todas essas ideologias têm muito em comum. Frequentemente elas se imbricam umas nas outras.

Reza a lenda que Albert Einstein teria dito que é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito arraigado. Você pode matar uma pessoa, mas não suas crenças.  Não há argumentos científicos, históricos ou exemplos concretos que convençam os negacionistas e os conspiracionistas. Se lhes mostrarmos um pau e eles disserem que é pedra, nada os faz mudar de opinião. Por isso, Márcio M. G. Silva argumenta que “ideologia cega e ensurdece as pessoas. Não interessa o que elas veem nem o que ouvem. Elas estão afetadas pelo Problema de Orwell, como formulado por Noam Chomsky: as evidências abundam, ninguém em sã consciência discorda, mas os seguidores dessas ideologias juram de pés juntos que não é verdade. Tudo é culpa da imprensa, que só quer falar mal de sua ideologia, distorcendo os fatos” (SILVA, 2021, p. 28).

Poderíamos aplicar aos seguidores das ideologias absurdas comentadas acima a asserção de Umberto Eco de que “as redes sociais dão direito de palavra a uma legião de imbecis que antes se expressavam apenas no bar depois de um pouco de cerveja, sem incomodar a coletividade. Logo em seguida se calavam, ao passo que agora têm o mesmo direito à palavra que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis” (La Stampa, 23/06/2019). Eco disse isso quando recebeu o título de doutor honoris causa em comunicação e cultura na Universidade de Turim. Minha primeira reação foi considerar a asserção de Eco uma atitude preconceituosa. No entanto, diante de tantas asneiras, tantas imbecilidades que ouvimos pelas redes sociais, tantas notícias falsas, maldosas mesmo, bem como diante das ideologias comentadas no presente artigo, sou propenso a dar razão a ele. Qualquer negacionista ou conspiracionista, qualquer imbecil pode divulgar o que acha sobre qualquer coisa aos quatro cantos do mundo. Quando é apenas besteira inocente, tudo bem, mas, frequentemente são palavras ferinas, ofensivas, maldosas, mentirosas que podem afetar a reputação de alguém inocente.

As cinco ideologias discutidas acima se entrecruzam de diversas formas. Os terraplanistas negam a esfericidade da terra; os criacionistas negam a teoria evolucionista; os geocentristas negam que a terra gira em torno do sol; os conspiracionistas negam tudo que refuta sua crença de que há conspiração naquilo em que acreditam. Os bolsonaristas negam tudo que a ciência, a história e o senso comum nos mostram se não estiver de acordo com aquilo em que o guru Bolsonaro acredita. 

Falando dos “idiotas da pandemia”, Luiz Felipe Pondé disse que “a ciência exige pensamento racional, mas grande parte da humanidade tem dificuldade para pensar racionalmente, frequentemente agindo como se agia na época das cavernas”. O atual presidente está nesse caso. Tudo isso leva ao negacionismo (TV Cultura, 15/03/2021, 21h10min).

 

7. Observações finais

Arne Naess escreveu um livro inteiro para defender a importância do sentimento (da intuição, da inteligência emocional) frente ao pensamento racional, mas sem negá-lo (NAESS, 2002). Os dois são parte de um todo.

A recolha de dados para este artigo me permitiu fazer uma breve, porém interessantíssima viagem pela pré-história e história da ciência. Foi muito bom ter uma ideia de como as bases epistemológicas de nosso conhecimento científico foram sendo construídas. 

Para terminar, apresento um diálogo possível entre um negacionista e um cientista no que tange às interações entre a terra e o sol:

 

-Cientista: A terra gira em torno do sol.

-Negacionista: Não, é o sol que gira em torno da terra.

-Cientista: Por que você afirma isso?

-Negacionista: Porque é o que se pode ver e é eu vejo todos os dias.

-Cientista: Infelizmente, o que você vê não é o que você acha que vê.

-Negacionista: Por que não?

-Cientista: O que você percebe pelo sentido da visão é apenas uma minúscula parte do todo em que as relações entre a terra e o sol estão inseridas. Uma visão do todo, a partir de fora da terra e do sol, mostra a terra girando em torno do sol. Do contrário seria como você querer avaliar a posição relativa de sua casa em relação ao bairro em que ela se encontra olhando a partir de dentro da própria casa. 

 

Referências

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